SONETO II
JANTAR DE FESTA
A mesa aberta, oval, espreguiçava
a toalha bordada, de alvo linho
e em seu redor, aos poucos, de mansinho
a poeira da memória assentava.
O silêncio, vazio e só, falava
com a tua voz, mãe, com teu carinho
que aconchegava a casa como um ninho.
E cada lugar da mesa aguardava
as quimeras de antigos ocupantes
agora ausentes por força maior
que ali circulavam, sempre ao redor
em burburinho. Tudo como dantes!
E havia festa, era romaria
porque a saudade tudo revivia.
(Jorge Alarcão Potier)
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