SONETO III
O tempo sopra rídulas na face
outras mais, acolá no pensamento.
Se o tempo ao menos, ledo, nos soprasse
para apagar as marcas... como o vento!
Se o tempo altas muralhas recriasse
impediria, sem qualquer lamento
que um outro tempo triste visitasse
almas fechadas, secas, sem tormento.
Mas o tempo é desigual, desumano.
Ora é veloz, ora é impassível
e uma hora até demora um ano.
A imagem tempo pode ser temível
porém nunca será previsto um plano
pois tudo nele é imprevisível.
(Jorge Alarcão Potier)
|