A Garganta da Serpente

José Inácio Vieira de Melo

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Rural

Para Ivaldo Vieira de Melo

No teu cavalo peito nu cabelo ao vento
Alceu Valença


Eu vou pra roça, ajudar o dia a amanhecer,
chamar os bezerros pelos nomes de suas mães
e ver a vacaria apojar
e sentir a chuva de leite em meus olhos.

Eu vou pra roça, lá Manoel é Mané
e a única máscara são os calos de suas mãos:
- mãos encardidas de leite.

Eu vou pra roça, começar o dia com um sorriso.
Meu cavalo e eu - Centauro do Sertão -
sairemos campo afora
apascentando a boiada, o milharal, o açude.

E os cajus haverão de destravar as fronteiras
e ouvirei o canto das patativas se estender até Assaré
e me entenderei com as beldroegas
e compreenderei a labuta das formigas.

Das quedas, trarei a lição do levantar
e seguirei pela vida ao lado de meu irmão.
Eu vou pra roça, lá o documento é a palavra.


(José Inácio Vieira de Melo)


voltar última atualização: 29/10/2010
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