A INCONSISTÊNCIA DO ESCURO
De repente, a escuridão impregnou a alma
E se desfizeram os arquétipos e as imagens vis
Tu choravas com a face fria e calma
Mas secaste as lágrimas e, agora, sorris
No escuro, entretanto, sorrisos são vãos
Não há mais a intrépida luz refletindo em máscaras
mil
Nem lídimas esperanças, nem segredos sãos
Só há sensações amorfas de uma imagem que já
sucumbiu
O que é o escuro senão a inconsistência plena
Dessa existência virtual que se dissipa, aniquila e envenena
O ego martirizado por dentro da tênue carne
Efêmera em sua própria eternidade, silenciosa em seu alarme
No escuro, enfim, não há sombras do que fazemos
Nem resquícios dos lugares aonde fomos
No escuro, não somos nada mais, nada menos
Do que as estranhas criaturas que nós somos.
(Juliana Valis)
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