A Garganta da Serpente

Julius Caesar Cabriolet

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Vida

Eu não entendo essa estranheza,
Essa mescla de amor e ódio,
Este processo de viver.
Quem dera fosse num passe de mágica
Tudo se ajustando.
Numa mesmice que eu mesmo reconheço
Não suportável.

Ir e voltar,
Sair e ficar,
São partes disso tudo.
Dessa mesma estranheza,
Fascinante e misteriosa.
Mãe de todos os acontecimentos.
Geradora do eu.
Do você.
Do se.
Do talvez.
Do porque.

A derrota de cada dia.
O contrário.
O habitual não encarado.
O medo de ver.
A sensação que fica
Quando nada mais passa.
O que não se lembra.
O inesquecível.
O insuportável.
São partes do aqui.
São verdades do amanhã.

Não resistir.
Testar e desobedecer.
Falhar, acertar, crer.
Matar, renascer, fazer.
Num balé sem destino.
Num segredo contado no ouvido
Por um Deus tanto belo e desconhecido.
Num não saber prepotente.
Na vida que por vezes se mostra ausente
E que volta no colo de alguém.

Doar, perdoar, amar.
Voar, pousar, transbordar
Pelos olhos o que as palavras não alcançam.
Se fazer sentir.
Exprimir com um gesto.
Tornar-se uma verdadeira criação do divino.
Não temer a madrugada e maldizer o frio.
Encarar o abismo destes sonhos impossíveis.
Morrer para viver
E viver para caminhar
Por entre as pedras desta estrada
Estranha, confusa e única
Sabendo do privilégio de ver a luz deste mundo.


(Julius Caesar Cabriolet)


voltar última atualização: 23/01/2003
3836 visitas desde 01/07/2005

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente