Filho do Sol
Dedos mergulham
na tão funda cicatriz
E rasgam os pontos
da cesariana no meu peito.
Ele vem, filho do tempo
querendo ar, fecundar.
É por dentro que se faz
o parto e emendam-se
as partes do corpo
antes desmembrado.
Na noite escura ele se dá à luz
ele me dá a luz
e põe mais uma marca a ferro e fogo
nesta alma sem alforria.
Brotam olhos como amoras
na Primavera.
Sou imenso cesto de vermelhos sabores.
(Jurema Barreto de Souza)
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