SANGUE I
Meu sangue no corpo humano
já foi vibratória serpente.
Hoje sofre a ação dos ventos,
da gravidade e da tristeza.
O sangue é sempre vermelho.
A alma é que muda de cor,
e esta, segue com o sangue.
Hoje à tarde, empalideço,
fico tonta, quase exangüe,
pois algo sangra em mim.
Meu frágil corpo escorrega
sobre as poças que a alma fez
no chão da minha sala.
E sempre que posso, me esqueço,
me invento em outro lugar,
com os fantasmas de cima
e os mortos de baixo.
O sangue no corpo humano,
mantém a minha existência,
mantém a minha insanidade.
Até que chegue o dia
mais nefasto entre todos,
quando sonhos e trovões
esmoreçam e declinem
em poças abertas de sangue,
em tristes charcos hemofílicos.
(Karin Schmidt Rodrigues Massaro)
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