Do Chão, a Labuta do Pobre
Olhem para mim,
julguem-me inoperante,
mostrar-lhes-ei o jardim,
seus seres ignorantes.
No peito sem medalhas,
também palpita um coração.
Venham seus canalhas
joguem-me no chão.
No chão sem dinheiro,
no chão sem perdão.
No chão do terreiro,
chão do escalão!
Venho dos ermos,
das víceras do sertão.
Somos todos os mesmos,
mas eu sem graduação.
As dívidas me devem
o dever do Estado,
dividas que também
elegem deputados.
Sou um assalariado
que sofre com fome.
Eu sou batizado,
mas não sei escrever meu nome.
O mercado é exigente,
quer homens experientes.
Quer empregados
apenas os seus clientes.
Todos têm a sua hora
e um dia vocês verão
que labuto para o chão
para o qual todos irão!
(Karl Italus)
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