A Garganta da Serpente
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Kiss Armer

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A FOME

Sim,o aroma. O sabor suculento. Seu peso e consistência.

Imagino as chamas frias do elixir cascatearem pela minha garganta, nutrindo-me. Mas estou ressequido e debilitado. Umtronco seco. Minha necessidade cresce a cada passo doloroso que dou.

Breve. Precisarei de sangue em breve.

ruído ritmado de saltos batendo na calçada me acordam. movo-me para a escuridão do beco. A cadência me enlouquece. A fonte se aproxima.

Ali...ahhh. Um cheiro de perfume barato. O odor da tensão nervosa. A fragrância do sangue pulsante. Quase posso sentir o doce néctar.

A luz pálida de um poste banha a minha vítima. Cabelos longos roçam suavemente seu rosto, rosado pelo esforço; uma beleza que apenas eu posso apreciar. Seus olhos anciosos correm de canto em canto, procurando divisar ladrões e estupradores.

Ela passa por mim, olhando rapidamente para o beco. Surjo das sombras. Ao alcance da minha mão, posso ouvir seu coração batendo.

Tornei-me morte, um destruidor de almas.

Desliso na direção da mulher. Sinto o odor de seu vitae, e ele me excita. Poucos centímetros a separa de minha carícia. Minha mente urra de desejo...

NãO!!!!!

Recuo, os braços tremendo. Não posso fazer isso. Um gemido escapa-me dos lábios. Ela gira sobre os calcanhares e fita a escuridão, os olhos arregalados de terror. Mas ela é cega à minha presença, e com um suspiro arfante prossegue o seu caminho. Provo meu próprio sangue, que escorre dos meus lábios mordidos entre minhas presas, e a observo esvanecer na noite.

Estou só.


(Kiss Armer)


voltar última atualização: 29/11/2005
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