A Garganta da Serpente

Lázaro Barreto

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

A CANTORA

O corpo não seria móvel e vívido
se não tivesse virilhas e axilas
O fogo não seria água de luz verde
se ela não cantasse Ary e Noel.

A vida não está rodeada de abismos?
A curva é boa porquê faz de conta
que vai quando está é voltando
A vida é boa tendo a morte no porto
(a fonte ou o estuário?)
A morte é boa quando abre uma das curvas
íngremes da escapada

A perna é mais bela quando desponta
A cabeça é mais bela quando arredonda
A água não descansa enquanto não encontra
seu nível.
É assim que a cantora vai e vem
(uma piorra no tablado da canção?)
com toda pressa da beleza
com a dobrada atenção dos trovadores
para o que diz a escala cromática
dos blocos diáfanos da rosa mística,
até esbarrar na sombra invertida
que vem de leve cheia de graça
encontrar os braços do desejo.


(Lázaro Barreto)


voltar última atualização: 31/03/2009
2715 visitas desde 31/03/2009

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente