A vida das árvores
O taciturno espírito dos dias
Ronda as sementes que, em vão, cultivamos,
Como também o tempo ronda os ramos
Pra arrancar suas folhas mais sadias...
Mesmo as flores de que nos orgulhamos
Emurchecem nas horas fugidias -
O que era nosso arranja novos amos
E nos tornamos árvores vazias...
Vêm então, na fatal ronda das vezes,
Idas lembranças da copa esverdeada,
Da agonia dos frutos que perdemos;
Vêm avisar que faltam poucos meses
Pra que a terra que nos fora emprestada
Venha tomar pra si tudo o que temos!
(Lenin Bicudo Bárbara)
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