A Garganta da Serpente

Lenin Bicudo Bárbara

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Estava escrito no lençol que nos cobriu...

Ouve, meu bem, o que não fala a boca
Quando se cala noutra que a entretém:
Ela conta em silêncio o seu desejo,
Que é o desejo que toda a boca tem.

É o que os poetas pedem, a voz rouca
Laureando o amor que sentem por alguém...
Mas seus versos são menos do que um beijo,
Porque a boca é de um beijo mais refém.

Versos de amor se escrevem no lençol,
Vão, sem palavra, se esconder do Sol
Nas nuvens que há no céu de alheia boca.

E a língua que outra língua encontra lá
Bem sabe que, meu bem, por bem não há
Rima melhor pra boca do que o beijo.


(Lenin Bicudo Bárbara)


voltar última atualização: 21/10/2006
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