Dela sob a garoa dos versos
Ela, estirada no solo marrom,
Sob a fina garoa da manhã,
Tamborilava os dedos, num só tom
Reverberava o choro de Tupã.
Tinha nos lábios mansos de cunhã
Vestígios embotados de batom,
E a chuva dissolvia sem afã
O seu vestido de papel crepom;
E, mergulhando devagar na lama,
Junto à chuva que do céu se derrama
Derrama-se, também, na alegoria!...
Era tão moça e bela e tão risonha,
Ela, a menina que deitada sonha
Tornar-se a flor d’alguma poesia!
(Lenin Bicudo Bárbara)
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