ANÔNIMA
Sonha ela na passarela
Enquanto acelera na viela
Sua realidade é favela
Sua ficção vale mais que mil novelas.
Ela cora o beijo com batom
E pinta o cheiro com Avon
Seu cabelo não é dos bons,
Nem tinha sexo nos ultra-sons.
Ela pega trem, ela pega lotação,
Ela pega vento, gripe e a dor pela mão.
Ela é filha única entre quatro irmãos
Fica-lhe a luz, a roupa suja e os sermões
E ela releva, dribla, assovia... dá de doida
Porque nessa idade é proibida a derrota.
Sonha ficções, beija fragrâncias, dribla a bancarrota,
Porém o trem lotado de irmãos a deixa moída.
(Leonardo Praciano)
|