A Garganta da Serpente

Lílian Maial

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

ETIMOLOGIA

O sussurro do vento
frágil bálsamo da morte
como um étimo
atravessando a noite.

A palavra projeta-se no silêncio
da pedra
um gorjeio mouco
um gesto parco.

E a morte paira sobre a chaga
numa despedida sincera
de pegadas de fogo.

O verbo incinerado calcina a veia
onde o sonho coagulado
trombosa a manhã.

Nas cinzas do verso
há a nesga de quietude.
Um pálido sol esquadrinha o depois,
a vida e o tempo.

Não! Não há paz na morte e na calmaria.
O beijo cálido da palavra é vida
e a vida é sina de raiz
e semente.

O alumbramento se dá no ventre da poesia
fecundo direito
doutrina de origens
parto.

A paz beira a loucura
da hora e da pedra.

Carece o hoje de inferno e grito.

A palavra salta da garganta para o eco
na aridez do cacto
à procura de seu lugar.


(Lílian Maial)


voltar última atualização: 19/01/2011
22401 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente