A Garganta da Serpente

Lorena

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Fobia

Não digam das angústias que fizeram aflorar naquele dia
Não movimentem seus lábios, suas mãos, seus desejos
Mostrem-me apenas dos frutos que todos viram nascer
Dos olhos alegres que tinha o amor quando dele saltavam prismas e sonhos
Não tente revelar o que não há forma
Nem explicar o caminho que é inverso cada vez que acordamos
Eu sei dos abraços que não foram dados
E de fotografias que desbotam
Por que o amor vai ficando pelos cantos
Quando da ausência se faz fato
Eu tenho olhos profundos mas são olhos que sonham
Eu sei do amor que já não cabe nos versos, nas camas, nos quintais
Eu acordo pelos dias, pelas frestas das portas
E seus olhos ainda ficam brilhando, me lembrando
De todas as noites de hálito, de hábitos, de luz
Eu recebi tantos sinais que me avisaram daquele dia
Mas eram tantos os sentidos que me afastavam das faíscas que tem a razão
Digam então das cordas arrebentadas, dos violões mudos
Do amor que ainda cabe dentro das cartas
Da razão que tenho de te ter ainda por perto.


(Lorena)


voltar última atualização: 14/11/2007
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