SOFRIMENTO SECO
Reconstituir das tristezas.
Refiz das ambições.
Retive na ignorância,
Sempre a procura,
A procura de uma solução
Para essa miséria,
Que ganha as almas das bocas singelas,
Gritando em silêncio por algo para comer.
Então compreendi:
A dor sem a esperança de cura,
A fome vindo com a doença,
Aflorando a grosseira camuflagem
Com espinhos argúcios de cactos.
A vida é seca,
A sobrevivência é mínima,
O sofrimento corrói
Essa alma guardada, essência,
Em um rústico vaso ingênuo.
Não se sabe o porquê da dor,
Desse abandono,
De o sertão ser tão seco
E o ser que vive nele
Ser tão sofrido, tão esquecido.
O surdo eco da criança soa
Com o pedido de algo para mastigar,
A ardente terra
É cumplice dessa agonia
Devastadora da vida,
Onde escolhe os mais fortes
Nessa missão difícil de se viver.
A chuva nunca a cair,
O alimento, nada de chegar com a esperança
E enquanto isso, morremos aqui!
(Luana Poeta)
|