Descuido
Traduzia o tempo em pressa
para matar a fome
e saciar a sede,
para revelar-se inteiro
e já não fingir a ausência
do amor estampado no rosto
diante do espelho.
Chegada a hora de esgotar
os argumentos todos
dos ponteiros do relógio
para sentir-se, enfim, liberto,
solto, todo o desejo.
Agora, o sonho danou-se no Mundo,
matou aula
e foi ver o mar...
exilou-se na rua. Fez-se boêmio:
embriagou-se
cantou
fez poesia
olhou a lua...e julgou-a bem vadia,mas deixou-se enamorar.
(Luciana Amâncio)
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