UM BARCO E EU
(Ao Ganges)
Um barco marulha as águas levemente
Embalando curiosidades, suspiros e olhares
Luzes se exibem das mãos de homens e mulheres
Enquanto Caronte ri das almas que estão no barco.
Não há apenas um outro lado para os passageiros
Há trilhas e mentes diversas que se entreolham no nevoeiro
Pensamentos dispersos, ciumentos e inquisidores
Buscando lugares e olhares inexistentes em meio as flores.
Flores que pairam no ar, oferecidas pelo amor
Esquecendo-se de si para enfeitar criatura e criador
Levam consigo lamparinas que se fazem sol
Enquanto o amanhecer não chega trazendo seu calor.
O barco segue flutuando e o silêncio domina nossos olhos
Até que o repente de um brilho fura o céu
Risca nossos corpos com seus raios exibindo nova paisagem: homens
Se banham nas águas cobertas pelo azul e brilhante véu.
Conversas começam mudas e alardeiam vozes
Que irrompem a cada lado, enquanto barcos navegam
Carregando pedras coloridas e anseios velozes
Vidas que vendem e compram apenas o que há para vender.
Ficaram as flores, as lamparinas brilhantes que se apagaram
Ficaram os homens, ficaram as águas sagradas
As pedras, Caronte e os que está levando
Ficou um pedaço de mim naquele sol se levantando
Sol que se ergueu e me cegou majestosamente
Porque ainda não compreendi seu brilho
E os raios me fulminando com a pergunta inquieta
O que você está fazendo aqui, não teria um barco diferente?
Ainda busco a resposta...
(Luckka)
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