Sobre a névoa estagnada deste dia...
Sobre a névoa estagnada deste dia,
porraloca deposito uma semente
e com os olhos chamejantes de um demente
a fecundo com esporros de poesia.
Acompanho o germinar da minha cria;
saio e grito para toda vizinhança:
-está vivo!-tenho olhos de criança;
e caminho... sou de ossos e alegria.
Para traz fica o velho edifício
a mercê da minha nova criatura
que é de tinta de caneta e sacrifício...
Vai crescer como uma praga, e sem remédio,
se alojar no velho e triste condomínio,
devorar a solidão, a paz e o tédio.
(Macabeu Samsa)
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