Baratas & Abandono
As baratas fazem casas no abandono
na lembrança terna e frágil dos momentos
nos guardados e nos velhos documentos
e nos íntimos vapores do teu sono
Quando é noite e o silêncio nos abraça
como é doce nosso lar em hora morta!
Aos cupins o que sobrou da porta;
mariposas estampadas na vidraça
Vem o tempo e de repente somos nada.
De repente nunca mais dias felizes.
No armário jaz a roupa embolorada;
e não te doem mais as cicatrizes,
pios pra sempre vais olhar a grama
por um ângulo incomum: pelas raízes...
(Macabeu Samsa)
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