A Garganta da Serpente

Madalena Barranco

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SEIVA DA NATUREZA

Sobre os seixos dos rios correm águas sagradas.
Segredos de adubo ressurgem no terrário -
passado de areia, profecia de floresta,
irreversível deserto.

Teclem sobre telas
salvem a seiva dos pinheiros -
libertem o lápis - lapsos de verde na mata.
Ouçam a voz da Natureza nas flores que o vento traz.
As últimas folhas de papel se destacam do céu.

Deixem os peixes cumprirem sua piracema em paz,
pois as ninfas ainda choram pelas microalgas perdidas.
Sintam as folhas dos galhos, que pendem dos braços salgueiros em lágrimas sobre os rios...
Ouçam os lamentos do xamã sobre o lince abatido.

Rezem para que amanhã ainda possamos ver o brinde das árvores
com suas copas transbordantes.
Tim-tim, Natureza!
Escutem o canto das aves raras. Ave Amazônia e seus guardiões.

A ninfazul em dor canta no rio e a terra se abre,
o vento sagra-lhe a vitória régia e o sol acende sua coroa
de norte a sul. O grito de uma verde flor, ecoa.


(Madalena Barranco)


voltar última atualização: 19/12/2007
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