A Garganta da Serpente

Malgaxe

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EXTINÇÃO

Não está escrito em que dia,
em que céu, em que sonho, em que mar, em que terra!
Se num instante de alegria, num luar de primavera,
num entardecer vermelho, de uma tarde de verão,
ou num poético amanhecer...
Ao lado de quem se ama, ou iria amar...
Há sempre uma virgula nessas horas,
algo a dizer, algo que fazer, algo que tocar...
Ninguém sabe! Porque no infinito ta escrito,
que as passagens não estão marcadas,
talvez por isso não haja agonia
porque ninguém a espera, ninguém a vê!
Às vezes na mais tenra infância,
ou na juventude ainda, do nada ela vem...
Como cometa de cauda tênue,
margeia a vida nas sombras e a leva consigo...
De que horizonte virá a ultima luz,
do perfume da flor que talvez carreguemos,
a orar nos altares no instante final.
Às vezes soberba se veste de ouro,
outras vezes, humilde, sem flores até,
por vezes festeira em festim costumeiro,
na terra que treme ou em altas marés.
Não existe segundo sem seu dedo aqui,
pois, quando muito da vida se explica,
dela, só há mistérios para detalhar!
Não, não há idade para ela,
nem cor, nem credo, nem universo,
desfaz o sorriso, desfaz os sonhos,
interrompe a infância, ceifa a juventude,
abrevia a velhice, sepulta a esperança,
magoa alma, deixa saudade...
Eterna saudade, pela eternidade!


(Malgaxe)


voltar última atualização: 29/08/2006
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