Tremendismo alfonsiniano
O cachorro se deitou detrás da porta, te espera,
Maldita agenda peluda de quatro patas
que me lembra tua ausência!
Tenho matado tantas ausências nesta vida,
coberto com cimento as goteiras de minha casa-alma,
endurecido este coração depredado pela saudade,
aprendido a esquecer à força,
mordendo, babando no travesseiro,
repetindo nomes baixinho para que
as paredes não os repitam.
É, sou uma assassina de sentimentos
Sou sim!
Ainda não tenho coragem para ser suicida
e esse cachorro que incomoda
deitado no seu sentimento
de solidão.
O que ele se acha? Impertinente!
Por acaso ele é mais humano do que eu?
(Manilkara)
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