A Garganta da Serpente

Manoel Francisco Moura

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Um Garoto

Entristecido volto,
ensimesmado,
distante.
Num instante:
um recado dos deuses:
você chegou
little lama!
No ônibus a todos iluminou,
passageiros antes circunspectos,
tristes como eu.
Sem constrangimentos,
Sem piedade ou pesar;
sequer um se condoeu de ti;
little lama!
Todos sorrimos;
sorriso de criança
quase esquecido,
little lama!
Perto de mim chegaste,
muito próximo...
little lama!
Concedeu-me uma bela gargalhada!
Que gargalhar,
little lama!
Teu olhar ainda sinto,
Jamais esquecerei teu olhar...
sorriso d'alma nos olhos,
felicidade plena - absoluta.
Transparece nesses teus
quatro,
Quatro anos?
little lama.
Enternecido, perguntei:
Você tá bonzão?
Nada disseste;
este corpo habita
o silêncio,
little lama.
Corajoso toquei
Apertaste meu indicador rindo de mim,
como se dissesse:
idiota !

Junto a mim ignoraste-me,
sério a procura de
outro olhar triste como o meu;
me esqueceste,
little lama.
Jamais andarás, falarás;
nenhuma autonomia,
indefesa criatura..
Delicada orquídea,
sem córtex,
apenas límbico;
transmites:
todo amor do mundo,
little lama!
Te agradeço:
pelo acaso,
pelo recado;
e pela risada
little lama!

(29/06/2004)


(Manoel Francisco Moura)


voltar última atualização: 15/09/2004
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