A Garganta da Serpente

Manoel Vicente da S. Neto

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Eu preciso...

Eu preciso de alguém...
Eu preciso de um vintém...
Eu preciso de alguém...
Mas eu não tenho ninguém...

Minha respiração dói
meu estomago me corrói
meu cansaço me destrói

Lençóis negros de sujeira e suor
a boca imunda cheirando a cigarro.
Mas eu preciso de mais um trago

Copos, xícaras, pratos
porcos, baratas e ratos
sujeira, pó, poeira
madeira só e nojeira

Sangue pingando da lâmina do meu barbeador
na mesa eu ponho apenas um prato e
divido minha comida com os ratos

Fezes, urina e saliva
preces, a rima, morfina
sede, ódio, rancor
rede, ópio e sabor.

Eu preciso de alguém...
Eu vi!Vi um vulto
mas quando olhei não era ninguém...


(Manoel Vicente da S. Neto)


voltar última atualização: 03/07/2009
6917 visitas desde 03/07/2009
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente