Eu preciso...
Eu preciso de alguém...
Eu preciso de um vintém...
Eu preciso de alguém...
Mas eu não tenho ninguém...
Minha respiração dói
meu estomago me corrói
meu cansaço me destrói
Lençóis negros de sujeira e suor
a boca imunda cheirando a cigarro.
Mas eu preciso de mais um trago
Copos, xícaras, pratos
porcos, baratas e ratos
sujeira, pó, poeira
madeira só e nojeira
Sangue pingando da lâmina do meu barbeador
na mesa eu ponho apenas um prato e
divido minha comida com os ratos
Fezes, urina e saliva
preces, a rima, morfina
sede, ódio, rancor
rede, ópio e sabor.
Eu preciso de alguém...
Eu vi!Vi um vulto
mas quando olhei não era ninguém...
(Manoel Vicente da S. Neto)
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