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Tem brinquedos em meu quarto,
são segredos de meus seres,
de seres, de sonhares,
são momentos bem guardados.

Nas janelas as cortinas,
são fantasmas pendurados,
tais retratos d'outros mundos,
são donzelas dançarinas.

Nas paredes tem retratos,
e tem fotos de pessoas,
que nem lembro e nem desejo,
são momentos, findos fatos.

Tem estrelas no meu teto,
de brilhar fosforescente,
que não brilham como antes,
nem me deixam mais desperto.

Os lençóis não mais aquecem,
são tão finos seus retalhos,
espantalhos de meus medos,
de calor eles padecem.

E n'um móbile girando,
em ciranda de retalhos,
tem pessoas, medos, fatos,
que me deixam divagando.

Os brinquedos no meu quarto,
nas janelas as cortinas,
as estrelas no meu teto,
nas paredes os retratos...

Mas no fim! Essa utopia,
eu não tenho quem os veja,
eu nem tenho quem os tenha!
Eu só tenho uma mobília...