A Garganta da Serpente

Marcel Angelo

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Licantropia

Uivos, latidos vagabundos,
vagam soturnos nas estradas,
gemem de saudades d'outros mundos,
Gemem as feras enjauladas.

Uivam torturas ancestrais,
de seus temidos ascendentes.
Prendem vergonhas d'entre os dentes,
não vão soltá-las nunca mais.

Eu ouço os uivos acordado,
procuro acordes, sinto a dança,
de tantos presos agoniados,
grande algazarra nunca amansa.

Sou feito desta substancia,
e sofro quando controlado.
Nos tempos negros desta infância,
infelizmente fui adestrado!

Porém! Nos sonhos mais profundos,
meu velho sangue me acode.
Acordo aflito, o peito explode,
sou feito estes cães imundos.

Eu louvo a lua, lucina chama,
desejo uivar, e acalentá-la,
mas este terno me avassala,
e sou enjaulado nesta cama.

Mas minha alma perambula,
nas ruas escuras, nebulosas.
a liberdade em sonhos goza,
pois a verdade me estrangula!


(Marcel Angelo)


voltar última atualização: 13/03/2007
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