A Garganta da Serpente

Marcel de Alcântara

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Loucura

A loucura se insinua pelos cantos
Na hora escura sob o olhar da Lua
Sobe até o teto e desce como a bruma
Na minha cabeça pinta um fio branco

A loucura se insinua pelos cantos
Serpe negra que adentra em meus ouvidos
Fazendo do seu veneno o meu pranto:
Lágrimas amargas e sem sentido

Uiva na estepe um lobo solitário
Cansada, a minha sombra me abandona
Cansado, o meu esqueleto desmorona
Mas a alma permanece em seu calvário

A loucura se insinua entre os defuntos
Nos cemitérios ela é mais fecunda
Abrasadora praga de outro mundo
Minha alma abaixa a fronte e a ti se curva!

A loucura uiva dentro do meu peito
E quando a aurora vem junto com Vênus
Um sobressalto me acorda e me assusta
Assim o bom dia insano da loucura


(Marcel de Alcântara)


voltar última atualização: 19/07/2007
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