A Garganta da Serpente

Marcello Chalvinski

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a bela que fere

1

faz
como o vento
que dança

traz
um balanço
de jazz
& balança
a anca voraz
de potranca

fugaz
calêndula
sob a trança
que ondula
o perfume
flutua
& me aperta
o nó
na garganta

2

veneno mordaz
que encanta

a um tempo
anima & desfaz
a esperança

veraz
o branco
sorriso
que brilha
& o lume
de espelhos
(seus olhos)
engenhos

aliás
armadilhas


3

veloz
ela passa

me deixa
sem pulso
sem paz
& me caça

me agita
me fere
me ganha
me engana
& disfarça

tão perto
do toque
no louro
dos pêlos
tão longe
do beijo
a seda
da pele
se afasta

4

feraz
ilusão
que ameaça
chasselás
que trama
& enlaça
porque me atas
à fome
agraz
& nefasta?

rainha
de copas
que ginga
dama
de espadas
que escapa
me deixa
à míngua
sem vinho
& sem graspa


5

me olha
feroz
me atiça
me ferve
destrói
minha taça

liquefaz
enfim
meu calor
minha verve
&
branda
(longe
de mim)
felina
feita
de neve
menina
brinca
na bruma
leve


(Marcello Chalvinski)


voltar última atualização: 13/02/2006
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