A Garganta da Serpente

Marcelo Almeida

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Desconhecidos

Onde você está
Exatamente agora?
No que estará pensando
Daqui a meia hora?
Eu não sei mais nada
Sobre a sua vida
Eu não sei mais nada
Sobre a sua lida
Sobre as suas flores
Seus desenhos
Seus sonhos
Seus receios
Seus recreios
Suas juras de amor
Se há amor.
Eu não sei mais nada
Das suas longas viagens
Pelos caminhos mais estranhos
Da imaginação
Que Deus deu pra você.
Nem das suas breves viagens
Com estranhos, pelos caminhos
Que na imaginação,
Deus nos teria dado...
Não sei das suas férias
Das suas misérias
Das suas farturas
E das criaturas
Que ficam embaixo
Ou em cima
Da sua cama.
Não sei se você me ama.
Mas sei se eu amo você.
Não sei como cabe tanto orgulho
Em um metro e sessenta
Não sei como você agüenta,
Suporta essa tormenta
Calada
Parada
Gelada
Como se tudo o que aconteceu
Com tudo o mais que iria acontecer
Fosse nada.
Somos ilustres desconhecidos
Um do outro
E nem faz tanto tempo
Mas ao mesmo tempo
Faz.
Faz frio.
Mesmo no calor.
Tanta gente pra amar
E tanta falta de amor.
Acho que deixei na sua bolsa
Uma bala,
O papel do estacionamento
E o meu melhor sentimento.
Porque não o encontro mais...
E já revirei tudo.
Estou tranqüilo, em pé,
Talvez feliz
Mas com um escudo.
Que me separa do mundo
De todo mundo
Que eu poderia amar
Como amei você.
Onde você está
Exatamente agora?


(Marcelo Almeida)


voltar última atualização: 25/02/2007
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