A Garganta da Serpente

Marcelo Almeida

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Eu queria hoje

Eu queria hoje te pegar no colo
Pela última vez que fosse
Provar mais um pouco do doce
Que desprende dos teus lábios,
Encontrar nos alfarrábios
Versos de alguém que amou como eu te amo
E dizer-te, cada um, baixinho,
Ao teu ouvido e bem devagarzinho
Para notar o súbito arrepio
Tomando posse do teu pescoço.
Eu queria hoje te dar um abraço
Como se meu corpo fosse o laço
A envolver o melhor dos presentes
Que é o teu corpo para mim.
Eu queria hoje o teu sim.
Eu queria hoje um dia como todo dia
Mas com a sutil diferença
Da tua companhia
Para andar milhas pelo calçadão
Segurando de novo a tua mão
Com alegria no rosto
E paz dos justos no coração.
Eu queria hoje me reencontrar
Quando visse meu reflexo
Em teu olhar
E notar naquele teu sorriso lindo
De canto de boca
Que a vida pode ser pouca
Mas é linda quando se ama.
Eu queria hoje ter você na minha cama
E, com teu perfume tomando o meu quarto,
Recostar a cabeça no teu peito
E sentir que o mundo é perfeito
Naquele instante.
Eu queria hoje sincronizar nossas respirações.
E os nossos sonhos.
Queria deitar na rede abraçado
Queria rir um bocado
Do que ficou no passado
E que tanto me fez chorar.
Eu queria hoje, te fazer um filho
Que teria, então, o mesmo brilho
Que tu trazes na alma.


(Marcelo Almeida)


voltar última atualização: 25/02/2007
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