A Garganta da Serpente

Marcelo Almeida

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Poema no mar

Larguei um poema no mar
Em uma garrafa de rum
Se um dia ele te encontrar
Tomara não seja apenas mais um
Tomara tenha a sorte
Que não teve nenhum
De tocar a tua alma
De fazer suar a palma
Da tua mão
De ousar mudar o ritmo
Das batidas
Tão contidas
Do teu coração.
Eu queria tanto
Estar aí contigo
Eu queria mesmo
Ser o teu melhor amigo
Ser de novo teu amante
E não ser o almirante
Sem esquadra
E não ser o comandante
De um barco naufragado
E não ser o habitante
De uma ilha tão distante
A viver apaixonado...
Larguei um poema no mar
Escrito com tinta vermelha
Se um dia ele te encontrar
Que nos sirva de centelha
Que acenda no teu peito
Que acenda do teu jeito
A paixão que existe no meu.
Larguei o poema no mar,
Pedi ajuda a Netuno
E no momento oportuno
Ele vai te entregar.
Após noite mal dormida
Tu estarás distraída
E ao olhar o mar de Angra
Vais se lembrar que ainda sangra
Meu coração, com saudade.
E vais ver, então, uma garrafa,
Presa, talvez, na tarrafa
De algum pescador.
Dentro estará um poema
E, com certeza, o amor.


(Marcelo Almeida)


voltar última atualização: 25/02/2007
9275 visitas desde 25/02/2007
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente