RUPTURA
Amar será romper a própria casca?
Será erguer asas em tentativa?
Será ser a serpente lisa, esquiva,
Que sabe aonde chegar, lasca por lasca?
Será o amor romper, sozinho, o elo
Da corrente, e acorrentar-se em perigos?
Quando se quebraram padrões antigos,
Será que soara grave o violoncelo?
Amar é romper em todos os lados:
Primeiro, rompe-se a própria estrutura;
Segundo, apegam-se outras, como gados;
Terceiro, foge-se dessas matilhas,
Caminha-se, unitário, em varredura
Aérea: desarmam-se as armadilhas.
(Marcelo Moraes Caetano)
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