Desmorto
Estava morto e enterrado.
Era corpo feito de passado.
Com lama e flores por todo lado,
para sempre (por Deus) assassinado.
Mas o que posso fazer?
A morte (aqui) não dura muito.
O morto (aqui) volta num minuto.
É amor, sangue e dor, tudo junto.
Ele (aqui) se fez de bobo
e não voltou com o papel cheiroso.
(o doído nem o fez piscar)
De um jeito ou de outro
fingiu saber o seu lugar.
Enfim (aqui) me derrotou.
Que armas? Dois olhos, um sonho.
Pois sim, já era de se esperar,
sempre em sonho me exponho.
Culpa minha. Eu não segui a lei,
fingi que estava morto e enterrado
o que sempre alimentei.
(Marcelo Pierotti)
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