A Garganta da Serpente

Marcelo B. Savioli

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O Condor

Talhado para as grandezas,
Para crescer, subir,
O novo mundo nos músculos
Sente a seiva do porvir

A terra é cova funda e hospitaleira,
Refugo certo ao ideal do abismo,
Que fitando a íngreme cordilheira,
Ao ter por rumo ímpias corredeiras,
Escolhe a sepultura por batismo.

Eu amo as flores e o condor errante
E fito o céu do cimo da montanha.
A brenha escura onde me oculto amante
São as negras melenas esvoaçantes,
Que a brisa acaricia, o vento assanha.

A palavra é minha matéria-prima,
O ritmo é meu ser em movimento...
Ponho finos adornos, faço a rima -
Beleza é salutar, ao peito anima,
Tal como as estrelas ao firmamento - .

O meu país é o do porvir, não este.
Da liberdade o ideal, por rebento,
Trago em meu peito, em minha alma, inconteste,
Tendo por guia a imensidão celeste
E por germe a ave do pensamento.

(Ao eterno Castro Alves, que tendo por amor a beleza, por ideal a liberdade e o verso por ferramenta, escreveu das mais encantadoras páginas da nossa poesia.
Que sua alma frutifique em nossos corações.)


(Marcelo B. Savioli)


voltar última atualização: 23/07/2002
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