O Condor
Talhado para as grandezas,
Para crescer, subir,
O novo mundo nos músculos
Sente a seiva do porvir
A terra é cova funda e hospitaleira,
Refugo certo ao ideal do abismo,
Que fitando a íngreme cordilheira,
Ao ter por rumo ímpias corredeiras,
Escolhe a sepultura por batismo.
Eu amo as flores e o condor errante
E fito o céu do cimo da montanha.
A brenha escura onde me oculto amante
São as negras melenas esvoaçantes,
Que a brisa acaricia, o vento assanha.
A palavra é minha matéria-prima,
O ritmo é meu ser em movimento...
Ponho finos adornos, faço a rima -
Beleza é salutar, ao peito anima,
Tal como as estrelas ao firmamento - .
O meu país é o do porvir, não este.
Da liberdade o ideal, por rebento,
Trago em meu peito, em minha alma, inconteste,
Tendo por guia a imensidão celeste
E por germe a ave do pensamento.
(Ao eterno Castro Alves, que tendo por amor a beleza, por ideal a liberdade e o verso por ferramenta, escreveu das mais encantadoras páginas da nossa poesia.
Que sua alma frutifique em nossos corações.)
(Marcelo B. Savioli)
|