Embarcação
Um certo dia, por desatenção,
Embarquei, naveguei em barco alheio.
Almirante, pirata, passageiro...
Tomei por minha a alheia embarcação.
Tangeu-me em cheio a peste da má sorte,
Fez a procela eminente o soçobro.
Partiu-se o leme e a selar meu malogro
Soprou-me a fronte o vendaval da morte.
A embarcação que julguei ser a minha
Vara incólume o bravio oceano.
Vasculha o mar o barco dos meus sonhos
Em busca vagante aos sonhos que eu tinha.
Acorda marinheiro! A ventania!
Toma firme o timão do teu destino.
Não mais deixa-te embarcar por engano
Ou eis de ter ao porto da agonia.
(Marcelo B. Savioli)
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