A Garganta da Serpente

Márcio Coutinho

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PORMENORES

Sangro umidescas gotas
de Dantesco galope
por entre as linhas retorcidas
que me lograstes
Ardo febril
a face pálida
precipitada ilusão da qual acordei
e me fiz cético desvairado
em meu concretismo abstrato,
meu tempo e alma lançada a fogo
Breve a porta de minh’alma
em gestar matéria de minhas rugas
E já que tem pressa, a vida
como a traça ao papel
serei a essência, o pecado, o poema
atado ao desejo, entre ídolos e obras
vadio ao deserto de hipóteses
sem travesseiro, sem sono
fluindo feito droga
doce qual Vinsanto iguário
gargalhando travessos verões
Sinto o sofrer do tempo
à minha mão pesada,
fazendo-me inferno o art’noveau
hedionda estrutura de mil espelhos
onde ferrões travam íntima cirrose
com gosto de derrota
As lições da infância
busco persuadi-las
ou largo-as ao vento
Sem me interrogar
ao que o mar traz a praia
meço a imagem a um breve clarear
relendo o argiloso arquiteto
à olhos cegos


(Márcio Coutinho)


voltar última atualização: 30/10/2000
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