Invasão
Em meio à solidão das tristes noites de inverno
Recebo a visita constante de uma dama,
Longo vestido negro a bater à porta...
Mesmo que não atenda, ela entra
E me faz o tentador convite
De dar um fim à dor que me persegue
Ao simples toque de suas frias mãos.
A princípio, recuso, resisto...
A proposta persiste por dias
E quando está para agonizar
Essa insistente dama vem renovar o convite.
O passar do tempo dá-lhe aspectos de intimação
E a porta fechada não a mantém à distância,
Desrespeita e invade o meu íntimo
Aumentando o clima frio,
Percorre minha espinha de cima a baixo
Tomando de assalto o meu coração
Mina minhas débeis resistências,
Tento resgatar uma lembrança feliz
É tarde... todas as luzes apagam-se.
(Marcio F. Monteiro)
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