Luz a este mote
"Eis que...
No tédio do nada da imensa grandeza
Na ausência de tudo... surge um fio!
Arrojada e perfeita a Mãe Natureza
Acende o pavio!"
( MagLou )
O ENÍGMA DO "TEMPO"
I
Mulher!
Mulher inexistente
No princípio de todo surgimento.
Do céu, da terra, da luz e da semente,
Mulher... não existe neste momento.
Diz o mito grego que fora Zeus
Seu divino criador consagrado
Como castigo ao Titã Prometheus
Por roubar-lhe o fogo sagrado.
Mulher...
Cuidadosamente esculpida
No Olimpo, céu da morada divina
Deuses e deusas deram à prometida
Inteligência, beleza e astúcia feminina.
O Titã desconfiado
Rejeitou o presente deslumbrante
E o irmão encantado
Desejou-a para esposa e amante
O pai dos deuses e dos pagãos
Raiou enfurecido Olimpo afora
Com a noiva enviou em mãos
A caixinha de Pandora.
Com divina recomendação:
"Não abrirás antes do casamento"
Curiosidade palpitou no coração
E a Mulher libertou o sentimento
Apressada e a hábil a tampa encaixa
Para evitar o sofrimento
Restou no fundo da caixa
Um único sentimento
Mito grego que através dos tempos
Vive e ainda hoje nos socorre
Como na Era dos grandes templos
"A esperança é a última que morre"
II
Criação!
Noutro mito mais recente
Surge da costela de outra Cria
Mulher nasce inteligente
E surge ao homem como guia.
Mulher é a esperança
Do Divino Criador
Sua imagem e semelhança
Necessita de amor
Mulher ...
Surge da necessidade
Do primeiro a ser Criado.
Embeleza com graciosidade
O jardim... da fruta do pecado.
Vê grandes possibilidades
Na pele... da serpente.
Conquista com habilidade
O homem e o mundo à sua frente.
Livre arbítrio conquistado
Dura pena, estabelecida.
Mulher tem dentro de si guardado
O milagre... "cem mil vidas numa vida"
Aos primeiros que nasceram
Doou dor e sangue carmim
Maior dor quando cresceram
Pois Abel matou Caim.
Ousou ter conhecimento um dia
De sonhos, de mentiras e de verdades
Mulher, do Testamento à Poesia
É símbolo de liberdade.
Mulher ...
Ao longo dos caminhos
Construiu sua memória.
Verdades, mentiras em pergaminhos.
E... "A Roda da Vida" nos leva a outra história.
III
Bela!
Seguindo o primeiro mito
Em terras de gregos e troianos
Eclode o maior dos conflitos
De todos aqueles anos.
Deu-se que a deusa da discórdia
Em grande Festa no Monte Sagrado
Expôs um pomo de ouro, onde se lia
"Para a mais bela" e o mal ficou firmado.
Hera, Palas Atena e Afrodite o pomo disputaria
Enquanto na terra entre os homens e os mortais
Primogênito de rei e rainha, nasceria
Cujo Oráculo induz o abandono por seus pais.
Já crescido o destino se cumpriu
Teve em mãos, da discórdia o pomo, a fruta
E diante das três deusas, o jovem se viu
Coube a ele apontar a mais bela e absoluta.
Cada qual, seu dom divino ofereceu
Sabedoria, riquezas, honra, amor e poder
Todas belas... Afrodite muito astuta prometeu
"_A mulher mais linda do mundo podes ter"
Tal promessa leva o troiano à Esparta
Com honras é recebido, eloqüente saudação
Com festa, vinho e mesa farta
Deslumbrou com aquela aparição.
"A mulher mais linda do mundo" acredite!
O jovem príncipe pela Rainha se apaixonou
A bela, nos domínios da Vênus/Afrodite
Relampeja o feitiço de Amor que a encantou.
O rapto... a guerra... o cavalo de Tróia
Gregos e troianos, mortais e heróis tombaram
Um ano ... dois... cinco... dez na tramóia
O Poeta... e a Arte no Tempo, registraram
Leia Homero ... Aprecie Francisco de Góya.
IV
Coragem!
Na terra do menino Faraó
Nasce a princesa audaz
O qual nem o deserto de pó
Sua coragem, cobrir foi capaz.
Sentiu o sangue às veias lhe ferver
Ao ver o grande "deus-rei de Roma"
E o veneno do poder
Fez-lhe o bom senso entrar em coma.
Desejou ser deusa-rainha
E uniu-se ao romano Imperador
Mas depois ficou sozinha
Pois perdeu seu grande amor
Coragem!
Marco Antonio reluziu
Em seus olhos cor de ambar.
Seduzida... também ela Seduziu
Amou e ensinou o que é amar.
Coragem!
Disfarçados e travestidos
De dançarina e de simples aldeão
Os amantes percorrem bares divertidos
Comungando um amor em turbilhão.
Enganada e iludida
Pelo belo e jovem amante
Curou logo a ferida
Com o brio de um diamante
Cesarion... sangue nobre de menino
Fora em sua vida, a jóia de maior valor
Cujo's deuses, as deusas e o destino
Fez morrer...nas mãos impiedosas do traidor.
Coragem!
Morrer em seus braços
Também veio, seu amado traidor
Vem dizer-lhe em soluços
"_Foste tu, meu grande amor"
Com a "gema" ou a serpente
O cálice, a si própria envenenou
E a "Roda da Fortuna" vigente
Com seus pés - a mulher cega - girou.
V
Linda!
Linda, nasce destinada
A um futuro grandioso.
Linda cresce tão amada
Pelo Todo Poderoso.
Linda e pura é a escolhida
A qual a Luz estendeu a mão.
Linda gera a Divina vida
Que será a salvação.
Linda sonha com os anjos
E explica ao aldeão.
Sofre grandes desarranjos
Mas aceita a missão.
Leva em si a fértil semente
Que o herege abomina.
Linda está bem consciente
Do perigo... e do medo que a domina.
Linda...
É querida e amparada
Pelo fiel companheiro.
Linda foge acompanhada
Do amado carpinteiro.
Diante da Luz, dá a luz a um menino
Que ao Amor fará jus.
Linda não sabe o destino
Que o Homem dará a Jesus.
Aos pés de Cristo sofre infinita dor
Maria perpetua-se como exemplo
De força, dignidade e amor.
E a "Roda da Vida" ousa em outro templo.
VI
Ousa!
Ousa dar o desejo triunfante
Do mais fiel dos sentimentos.
Ousa ser o orgulho
Do maior dos regimentos.
Ousa com serenidade
Na crescente dinastia.
Ousa impor na entidade
As palavras que queria.
Ousa sem ser educado
Tomar a vez de um cavaleiro.
Ousa.. cometer o pecado
De fingir ser um guerreiro.
Ousa impor a própria divindade
Com tamanha heresia.
Ousa enfrentar sua verdade
Frente à acusação de bruxaria.
Ousa em nome da dignidade
Se negar ao arrependimento.
Ousa expor toda verdade
Assumindo o próprio sofrimento.
Ousa preferir a fogueira
Sonhos, verdades e mentiras na chama.
Morre Joana a guerreira
E a mulher, por justiça clama.
A "Roda da Vida" ao futuro se destina
Deixa o mito da guerreira alada
E vai ao encontro da filha menina
Da dançarina, bela e sagrada.
VII
Mata!
Mata o desejo ardente
Do mais forte Almirante.
Mata o orgulho presente
Do altivo Comandante.
Mata com voracidade
A crescente hipocrisia,
Mata o brio da sociedade
De uma era doentia.
Mata a fome do culpado
Na pele de um fuzileiro,
Mata a culpa do pecado,
Do poder e do dinheiro.
Mata...
O inimigo é maligno e ousado
Discrimina pele e sangue de inocentes.
Mata, O fraco é sempre usado,
Nas mãos do mais potente.
Mata a própria liberdade
No mural... no bosque dos indecentes.
Mata rejeita a venda da dignidade
Dos soldados à sua frente.
Mata!
Mata Hari morre
Verdades e mentiras soterradas numa vala.
Como mito da traição, a história o mundo percorre
Segredos [sonhos de mais uma mulher] que se cala.
"A Roda da Vida" [junto com o Tempo] corre
No mito, na santa, na mãe, na filha...
A busca e a luta da mulher nunca morre
E surge na Terra outra estrela que brilha.
VIII
Brilha!
Brilha o desejo inebriante
Do mais belo e influente,
Brilha o orgulho galante
Do 'querido presidente'.
Brilha com tenacidade
Na crescente 'hierarquia',
Brilha a potência da cidade
Da maior democracia.
Brilha o 'Pecado que vive ao lado'
No olhar e na pele de seda ardente.
Brilha a infame do pecado
No olhar do que é (só) atraente.
Brilha a fama do casado
No caminho tão certeiro.
Brilha a mentira do amado
E o interesse do solteiro.
Brilha a própria vaidade
Na calçada da fama
Brilha mais a ambigüidade
Daquele que não a ama.
Brilha e morre sobre a cama
Verdades e mentiras sobre lençóis de cetim.
Sonho de mulher [segredo de Estado] que se cala.
Quando isso vai ter fim?
O Tempo [sábio e implacável] passa... ensina:
"A Roda da Vida" é fiel e indomável,
A força do homem é visível e fascina
E o brilho da mulher, altamente inflamável.
IX
Acende mulher!
Acende o desejo incandescente
Do teu homem e amante
Acende também, o orgulho vigente
Do novo milênio de hoje em diante.
Acende mulher!
Acende a luta com garra e vontade
De vencer a cada dia
Acende a luta na busca da igualdade
Com intensa ousadia.
Acende Mulher!
Acende o pavio primeiro
Deste homem desligado
Acende sob o chuveiro
Esse deus grego molhado.
Acende mulher!
Acende a própria liberdade
Em uma vida mais descente
Acende o sonho à própria felicidade
Porque de ti vem a melhor semente.
Acende mulher!
Acende o homem a teu lado
E o salve da serpente
Acende nele o valor honrado
De que o amor é a nascente.
Acende mulher!
Acende a chama há tempos esquecida
Aspire o odor que a vida na brasa exala.
Viva verdades ou mentiras atrevidas
Segredo de mulher... que já não se cala.
Acende mulher!
"A Roda da Vida" continua incandescente
Devora corpos e almas errantes.
Plante, cultive e zele por sua semente
Seu fruto se estende... há um futuro bem distante.
X
Mulher
Mulher da Criação!
Mulher do futuro... é sobrevivente
No princípio, nas guerras e nos tormentos.
Implacável, fiel, indomável e persistente
Mulher resiste como firme monumento.
Mulher de Coragem!
Deusa eterna, sedutora e astuta
Dona de desígnios e de segredos
Seu tesouro perdido e sua luta
Hão de embriagar no mundo... os medos
Mulher Maria!
Linda mulher... Você é a escolhida
Para prosseguir no caos do mundo.
Brava mulher. Forte e destemida,
Inata de um amor bem mais profundo.
Mulher Joana!
Ousada mulher... Usa e abusa da coragem
Que se apossa dia-a-dia.
Sutilmente envolvida em linda plumagem
Busca em si a própria filosofia.
Mulher Dançarina!
Sedutora mulher... Desafia com tenacidade
O poder, o preconceito e o perigo.
Vive com ferocidade
Não teme, nem subestima o inimigo.
Mulher de Luz!
Brilhante mulher... Acende a própria vida
Iluminando tudo ao redor, do bem e do mal.
Possui explicação complexa... indefinida
Em sua crescente bravura de chacal.
Mulher moderna"
Acende a própria liberdade
Queimando seus soutiens rendados
Ascende o sonho à própria felicidade
Traz em si o Amor e o prazer, colados
Mulher do futuro!
Sobrevivente mulher...
Numa era futura do extinto Sol
Seu brilho refulgiu límpido e fausto.
Na escuridão surge como um farol
No caos, do segundo holocausto.
Mulher da 3ª dimensão! (pós holocausto)
Empanada Mulher em poeira
Surge bela... surge nua.
Vênus na aparição derradeira
E... a "Roda da Vida"... continua.
Eis que...
No tédio do nada da imensa grandeza
Na ausência de tudo... surge um fio!
Arrojada e perfeita a MULHER com destreza
Acender o pavio!
BUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMmmmmmmmmmmmmmm...
(Margarete Louzano)
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