A Garganta da Serpente

Mariah Lacerda

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Silêncio

Preparo um sermão para o vento
Quero descobrir a espessura que existe no silêncio
O sentimento sai, escorre dos meus dedos
Esparge em outros tempos
Estou descortinada
e comigo mora o Encontro
no avesso: a Fantasia,
desesperada com a escuridão súbita das horas
Tento não dizer nada
Sou monólogo
Quero apenas árvores sacudidas
Por que não há mais beleza neste palco?
Que palco?
Nem sei o que falo.
Estou no escuro
O pânico domina.
É o medo das alturas de quem não sabe voar.
Não vejo a luz
O sol encontrou meu olhar em sua vitrine
A vida parece tão vazia
Findei aqueles sonhos de menina
E agora, o que será realizado?
O coração salta em espanto.
Estou farta de sonhos repletos de palavras.
Dizer ou não dizer, falar por falar, por quê?
Só ouço o silêncio afoito,
refeito dentro de si mesmo ( do silêncio )
Não digo nada.
As palavras escapam...
e são tantas...tantas!
Que hoje não estou a alcançá-las.
E outra vez não digo nada.
E o silêncio?
O silêncio diz.
Sim , ele diz muito.
Ele fala de mim,
ao vento....


(Mariah Lacerda)


voltar última atualização: 26/11/2009
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