A Garganta da Serpente

Mariana Bolzani

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Devaneio

Calor...
Ele chegou
Me despindo
Suspirei baixinho
Senti sua pele roçar meu seio
Arrepio...
Nossos olhos crus
Nossas bocas nuas
Calor...
Senti seu sangue correr nas minhas veias
E se perder em algum órgão vital.
Infinitamente
Secretamente
Explodindo
Lençóis, paredes, tetos...
Vejo o teto subindo
E descendo
Estou escorrendo
Pelas mãos
Pelos vãos
Pelo chão

E do suor surgiram lágrimas
Doces lágrimas de paixão
Dois corpos ali jogados
Exaustos
Dilacerados
O cheiro no ar
Raios de sol
Feixes de lua
Nua, crua viúva
Corpos, bocas, olhos, tetos
Cheiro de álcool e perfume barato
Rímel borrado
Lençol manchado


(Mariana Bolzani)


voltar última atualização: 19/10/2002
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