?! (Auto-Expressão)
De repente o Grito do Silêncio. Sem rosto
Os lábios sem nome cospem em minha boca
Um beijo. Verbosa língua da paixão: Óóóóóó!...
Sou Idéia. Procuro o teu corpo nu. Signo
Do desejo. Ideograma da solidão.
Hieróglifo de um labiríntico nicho:
Imaginação. Meu coração te possui
Como o último sobrevivente da espécie.
Das carícias acordes de guitarra são
Teus sussurros - milhões de gotas de música -,
Enquanto mastigas as sílabas dos verbos,
Da gordura aos nervos de cada verso esdrúxulo!
As tuas formas míticas em minhas mãos
De vilão. Pranto e suor tornam-se uma poça
De húmus, um poço de sede. Um passo. Posso
Em deusa, escrava ou prostituta transformar-te?!
Não importa, desde que eu seja teu, Ó Musa,
Santuário Onírico, Vertigem da Alma!
Até quando serás o catártico e nigma
De uma autogestação sadomasoquista?!
(extraído de "Húmus" - inédito)
(Mariano da Rosa)
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