Soneto: Solidão Urbana
Nem o ruído do motor aplaca a fúria
Cataclísmica deste neurótico "Nada"
- Até a agrava, mais do que o "Não" do silêncio,
Como os tóxicos gases que, intrusos, condensam-se,
Da atmosfera aos brônquios asfixiando... Nem
Podem as onomatopéias e ocas sílabas
Mitigar, do verbo à sede - a fome ortográfica
Que ao monólogo impele e irrompe, teatral,
Como uma intermitente fonte de fonemas!...
Nem a anarquia das impessoais figuras
Que uma obtusa familiaridade fingem (...),
Tornando-me um busto de gesso - um quadro a óleo,
Bastam para curar-me do "Mal-Pós-Moderno"
Que a sete palmos de mim, sem sequer "eu", deixa-me!...
(Mariano da Rosa)
|