Patogenia de uma Ausência
Nem a solidão toda a tua ausência pode (...),
nem toda uma saudade o lembrar justifica
- é mais do que um auto-expressar-se da memória,
é mais do que uma doença psicossomática,
o asfixiante nó que, nevrálgico, explode
diante do aborto cirúrgico da história!
É todo um querer de ser-o-que-não-se-soube (...),
de sentir tudo quanto - quando - não se pôde:
uma síndrome de abstinência psico-física
que absorve - da derme ao cerne, do corpo à mente (...),
que reclama o objeto, enfim, tanto quanto o verbo,
que forma-se no Indicativo (e no Presente!).
Não é um religiosístico arrepender-se (...),
que absolve a alma humana - e o ser diviniza,
restituindo toda a autoconsciência!...
É uma liturgia autogestativa
que o dualismo antagônico sacraliza,
ambos, macho e fêmea, tornando homogêneos!!!
Ah ! É o irromper de um vulcânico vazio:
uma abissal fome (...), uma desértica sede (...) ;
uma hemorrágica sensação de não
que faz do sonho um órfão, do desejo um náufrago (...)
- sintomático destino: amorose aguda
(patogenia de uma ausência - inesquecida!).
(Mariano da Rosa)
|