Femina
"Não será a mulher tudo o que nos resta do paraíso
terrestre?"
(In "A Queda", de Albert Camus)
Femina
Àquelas para as quais a "PALAVRA" é mais do que uma
Química da Vaidade:
um Cosmético da Indústria do Intelecto, uma Fragrância Importada
da Hedônica Emoção, um Materialista Capricho da Mercantilista
Volição, um Item da Moda Íntima do Pós-Modernista
Arbítrio!...
É mais do que a auto-afirmação de uma "Mitológica
Persona".
É condição sine qua non da Metafísica Existência,
Essência do "Eu Histórico",
autogestativo fenômeno!
(À Semana Internacional da Mulher - 08/03/2007)
Todas estas sí-la-bas que a tua boca exala
São mais do que signos da língua - febril hálito:
Odor que esboça um rosto, retrato cubista
Que uma imagem insinua - mais do que a distingue,
Aos ângulos da forma sujeitando a essência!
A tua voz ecoa na flexão dos verbos:
gagueja enquanto pensa, geme enquanto quer,
ordena enquanto exclama, submissa ao desejo
que em reticências respinga... e omisso goteja
matrizes de sensações, reflexos de idéias!
Cada frase é um súbito desnudar-se:
uma súplica dos subentendidos mudos
que agônicos imploram um olhar de posse
- sugere quando nega, propõe quando foge,
como uma armadilha inescapável tornando-se!...
Cada adjetivo substantiva o meu sensório:
Sou todo olfato - uma manifesto dos sentidos!
Toco a silhueta das tuas expressões
como um cego lendo em braille... Interrogação (?):
Quem és?! O auto-exame que inflijo-me procura-te!...
Pois mais do que outra encontro-te minha:
Menos como um horizonte do que caminho,
Menos como a própria luz do que fotossíntese,
Menos como um jardim de orquídeas do que pântano,
Menos como um poço etéreo do que deserto!!!
A tua palavra é magma de paixão
que como angústia vaza do Vulcão do Ego!!!
O meu coração é todo sede!... Sou teu
Como um vale depois da erupção!... Minha és:
Porque Sei-te! Penso! Sinto-te! Quero! Amo-te!!!
(Extraído do livro "Húmus" - inédito)
"Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos -
sou eu que escrevo o que estou escrevendo.
Deus é o mundo. A verdade é sempre um contato interior e inexplicável.
A minha vida a mais verdadeira é irreconhecível,
extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique."
(In "A Hora da Estrela", de Clarice Lispector)
(Mariano da Rosa)
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