A Garganta da Serpente

Mariano da Rosa

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"Angst"

"Não há determinismo ou escolha absoluta: jamais sou coisa, jamais sou consciência nua" (Merleau-Ponty)

I Parte

Eu

Uma interrogação sem voz, nem ódio ou dó
Que onipresente ecoa como o próprio fôlego
Dos subterrâneos do ser. Quase um eu. Quem sou?!
Choro. Eis o clímax genésico de uma alma!
Confissão sem verbo ou testemunha. - Socorro!!!

Sombras e rastros embriagam-se de dor...
Entre o afeto e a razão goteja a consciência:
Sujo de desejo vicejo como o húmus.
Uma pré-histórica sensação que existo
Como um obscuro fóssil, germe do Futuro,

Sob os escombros da História - Pó do Tempo!
Um aracnídeo entre os ossos dos filósofos
E os olhos dos poetas? Ou um lepidóptero
Na autogestação do efêmero casulo?!
Sentimento: És Pedra e Flor, Nuvem, Deserto.

II Parte

Tu

"Eu-Tu" - "Nós": signo da libídica alquimia.
Um ai orgásmico meu coração vomita:
Lama ígnea - Esperança - do Vulcão de Angústia!
Não limpes dos gestos a assimétrica mímica
De uma mais instintiva carícia, hormônica...

Nem tires dos ângulos agudos o cheiro
Sudoríparo da psicofísica ânsia...
Nem tampouco os excessos da fome dos lábios,
Mesmo os gordurosos ácidos da Paixão...
Ou do etílico humor da Ilusão os restos

Mínimos do hálito ou dos poros do cérebro!...
Porque o medo?! É sêmen do beijo a saliva
Tanto quanto da Vida a sede metafísica!
Desnudes o púbis do pretérito, antes
Do rito dos abutres da solidão. Veeennnhhhaaaaaassssss!!!

(extraído do livro "Húmus" - inédito)


(Mariano da Rosa)


voltar última atualização: 06/04/2009
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