A Garganta da Serpente

Maria Vilhena

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Luz e Sombra

A brisa escorre por entre os compartimentos do sol incandescente
Como se partisse os vidros esbeltos do final de dia alaranjado
A imagem do som parte do fim e regressa quente
Nas mãos pálidas de quem passeia pelos lambrins de porte arranjado
Não se esquece o meigo pesar das cores
Não se queima o olhar sempre em frente pelo vento batido
Os cabelos ondulam na maresia por vezes acenada de mil amores
Estando a chávena de café aquecido
Perto do varandim esperando o toque
Na esperança de renascer o pensamento liberto pela fumaraça constante
Da poluição da cidade a adormecer o peito mais forte
Do trabalhador errante na calçada sempre e sempre ondulante
Pelas pétalas das flores graças
Nos passeios lentos e escurecidos pela noite farta
Em que florescem as ousadias das garças
Embaladas pela melodia da lua escrevendo a sua assumida carta
Ao ser luminoso descansando no berço
Acompanhado pelas estrelas brilhantes
Junto de quem se encanta no ajoelhar do terço
Prometendo lágrimas últimas nas esquinas dos amantes
Esses humanos cristalizando o escurecer
Lá está o aroma do líquido sobrevoando
As asas da capa girando
A fatia da manteiga do queijo
Desejando o esperado beijo

(29-IV-2005)


(Maria Vilhena)


voltar última atualização: 22/07/2005
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