Efemeridade
Tenho todo o tempo,
mas já me perdi no tempo,
porque esqueci o tempo,
e viajei no tempo,
alucinado e enfático.
Eu sou o tempo,
mas não vejo tempo,
pois o infinito do tempo
causa tormento,
como um susto,
como um pesadelo,
como um sôfrego desalento,
como a penúria.
Só procuro o tempo calmo,
Absorto nas pequenas felicidades.
Se dispusesse o tempo
nas lacunas intangíveis que me cercam,
eu teria todo o tempo do mundo.
(Marina de Oliveira Soares)
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