A Garganta da Serpente

Mário Sérgio de Souza Andrade

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NOTURNO III

Busquei a noite
Encontrei o brilho .
Tornei-me filho
Desde então .
Hoje sou poeta
e falo das meretrizes
com a mesma doçura
que falo das flores .
Falo dos embriagados
com o mesmo respeito
que indico uma rua
a um forasteiro .
Falo com carinho
das coisas da noite
porque sou poeta,
E de madrugada,
Vida amada minha,
Passo a recolher meus versos .
Não é difícil tão inspiração
diante dos corpos enfileirados sobre o balcão .
A cortina erguida,
Do teatro barato,
A nudez de fato,
Consumida,
Em ato .
Não me é difícil
caminhar na escuridão,
Sigo o caminho dos gatos
vou atrás de seus passos
e às vezes me acho
sobre algum telhado .
E se ouço gritos ,
Mesmo que disfarçados,
Penso nos amantes endiabrados
Que de noite fazem seu pecado;
Que às vezes
Fazem o amor
Danado de bom .
Encontro-me entre as figuras pintadas,
Donas de seus territórios,
Neste mundo ilusório,
A cor é necessária
e o corpo compulsório
é fonte de emoções .
Nenhum preconceito,
Nem posso ter,
A tatuagem no peito
é um dever .
O dragão pigmentado
em azul e negro,
Demonstra a força noturna
e o calor humano
que envolve a gente .
E também envolvente,
A sensação das sombras,
Pois elas é que se divertem .
Nós ,
Somos sempre segredos .


(Mário Sérgio de Souza Andrade)


voltar última atualização: 27/08/2007
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